domingo, maio 31, 2009

"Bom filho à casa torna" e "após longo e tenebroso inverno" criei ganas de montar nova postagem. Às minhas duas fiéis e assíduas leitoras, aviso, desde logo, que as tenho visitado, mas a preguiça que me impede de construir posts com maior frequência, também me privou de tecer comentários em seus respectivos espaços - falha da qual aguardo pronto perdão (haha).
A verdade é que anda escassa minha permanência nessas paragens, graças a Deus consegui me livrar de Orkut, não fui com a cara do site do passarinho (Twitter) e não to a fim de que a torcida do Corinthians em peso fique sabedora de todos os meus passos e mal-passos. Tenho frequentado, com assiduidade, outros locais menos virtuais nas ocasiões em que, embebida no ócio, estaria navegando web afora. Não que eu esteja me tornando uma anti-virtual, nada disso, mas digamos que minhas navegadas tem sido cada vez mais produtivas.

Mas, como tradicionalmente faço, vamos aos trabalhos: -

Hoje, gostaria de fazer menção ao Ivan Lessa, um dos caras cujo link figura logo mais, à esquerda. Adquiri o hábito de ler suas colunas, sempre que me lembro, e "racho" de rir das "barbaridades" que ele escreve. Trata-se de um cara super bem-humorado (não sei se este hífen ainda persiste, uma vez que não me dei ao trabalho de consultar o link da reforma ortográfica), que escreve para a BBC Brasil. Não sei nada sobre sua biografia, à exceção de que, pela caricatura no alto de suas colunas, parece ser um senhor de meia idade, vive em Londres, e pelo teor das coisas que escreve, conservador, daqueles à moda antiga, que não curtem essas coisas do tempo moderno, produtos do progresso duvidoso.
Dias atrás, peguei uma coluna onde ele descrevia sua aversão ao celular. Hahahahaha, pausa para meu desabafo, porque foi realmente uma comédia ler a narração do seu primeiro contato com aquele aparelho "ameaçador". Ele descreve seu encontro com o telefone como um estranhamento entre aqueles caras de filme de faroeste que se entreolham, desconfiados e ameaçadoramente; vale a pena dar uma conferida.

Eis que, recentemente, ele me faz uma postagem "descendo a lenha" nos assassinos da língua portuguesa, falando mal do acordo ortográfico, e das obscenidades que o povão tem feito em matéria de ortografia. Condena o jóia (esse eu sei que caiu o acento), o joínha, o super, o valeu, o pelamordedeus (aqui faço o mea culpa e aponto o dedo para o Marcelo Tas - que adora escrever "moderninho"), enfim, achincalha a banalização da língua, defendendo com unhas e dentes a linguagem rebuscada, as expressões de outrora - "tão mais elegantes". Haha, não tem como citar Ivan Lessa, sem cair no riso, pois ele embute um quê de sarcasmo bem humorado nas críticas.

Sem mais delongas, como eu dizia, Ivan Lessa apareceu com o seguinte e desafiador texto, o qual é impossível - pelo menos, para mim, réles mortal - compreender sem estar devidamente munido do dicionário mais farto que possa ser encontrado. Segue: -

"Elesbão, o bleso
Elesbão era conhecido na cidade por três particularidades: era bleso, sofria de incurável ofíase e criava gimnuro. Além disso, seu rosto glabriúsculo lembrava o de uma donzela gípsea.
Às tardes, cumpria um hábito cotio: com seu nariz acipitrino, lá se ia ele, em prolongadas giratas, bisbilhando sempre, entre dentes, surradas gnomas, de todos conhecidas.
Atendia-o, nos serviços de casa, um gibi magricela, portador de estranho gilvaz, que havia acolhido, por era de boamente. O tal, apesar de sua irrecuperável acídia e não raro acrasia - já que abusava dos abres, principalmente da cabriúva - era mantido por Elesbão, que morria de amores pelos saborosos doces de gila-caiota, que sabia, como ninguém, preparar.
Conta-se, porém, que certa vez, Elesbão abecou-o, por ter descoberto que o pixaim era atrevido em pôr aratacas, de pura maldade. Nesse dia, Elesbão, justamente achavescado, ficou de capiroto aceso, acofobou-se e acajipou a focinheira do cafuzo. Mas este nem chus nem bus."

Bom, algum sujeito(a) entendeu alguma coisa? Lu, você, "macaca véia" - com todo respeito - dos bancos acadêmicos, poderia traduzir, de pronto, esse amontoado de "palavrões"?
Confesso que fiquei a ver navios, sendo forçada a me debruçar sobre este pequeno parágrafo, com ares de estudiosa, a fim de compreendê-lo em sua plenitude.
Depois de alguns minutos de pesquisa, eis que se descortinou a tradução abaixo: -

"Elesbão, o cara com defeito de pronúncia - costumava falar “cassa” em vez de que caza”, "Zozé" em vez em "José", enfim..
Elesbão era conhecido na cidade por três particularidades: tinha defeito de pronúncia, sofria de incurável doença de pele que causava queda de cabelos, e criava um espécie curiosa de macaco. Além disso, seu rosto sem barba lembrava o de uma donzela feita de gesso.
Às tardes, cumpria um hábito cotidiano: com seu nariz de ave de rapina, lá se ia ele, em prolongados giros, murmurando sempre, entre dentes, surrados provérbios, de todos conhecidos.
Atendia-o, nos serviços de casa, um negrinho magricelo, portador de estranha cicatriz facial, que havia acolhido, por era de boa vontade. O tal, apesar de sua irrecuperável melancolia de crises constantes - já que abusava da cachaça, principalmente de uma feita com aguardente, gengibre e açúcar - era mantido por Elesbão, que morria de amores pelos saborosos doces de abóbora, que sabia, como ninguém, preparar.
Conta-se, porém, que certa vez, Elesbão agarrou-o ameaçadoramente pela gola, por ter descoberto que o cabelo ruim era atrevido em pôr armadilha de pegar passarinho, de pura maldade. Nesse dia, Elesbão, de modo grosseiro, ficou com o diabo no corpo, afobou-se e deformou a fuça do mestiço, que ficou quietinho, sem dar pio."

"Bunito" hein, seu Ivan? Haha, um trabalho do cão pra descobrir essa charada e ele ainda dá uma tirada no fim da coluna : "Vão nessa, reformistas super joias, vão nessa." Acho que ele quis dizer que, pelo andar da carruagem, será um dos sinais dos tempos, entender melhor do inglês do que da própria Lingua Portuguesa. Não discordo dele, de todo, mas também, que língua mais repleta de firula essa nossa...

Ato contínuo, ontem, conversando com meu estimado amigo Rafa, rapaz de família, um perfeito cavalheiro, daqueles em extinção hoje em dia, fui convidada a prestar alguns minutos de atenção ao vídeo que segue. Fiquei um pouco cabreira, uma vez que o Rafa já havia me pregado uma bela peça, certa ocasião, quando recebi dele um teste onde se percorria um labirinto, e o incauto, na ânsia da chegada, deparava-se, subitamente, com a visão do inferno, oferecida por Reagan, a menina possuída do clássico "O Exorcista". Mas, como voto de confiança, resolvi fazer o teste, e o resultado foi bem bacana, tanto que recomendo e passo adiante. Faça você mesmo, caro leitor: -




E, para fechar mais uma postagem "quilométrica" (na visão dos adoradores dos nuggets em forma de leitura), como não poderia deixar de ser, aqui vai minha indicação musical do dia. Ando vendo alguns filmes mexicanos, sobre os quais talvez eu venha a comentar, mas por hora, basta apenas afirmar que não tenho me arrependido. Semana passada conferi "Nicotina" e ontem assisti "Amores perros". Os 2 tem em comum o grande número de situações que vão acontecendo concomitantemente, a agilidade e a cratividade do imprevisível.

O link musical é de uma dupla que forma o Aterciopelados, ou seja, rock alternativo colombiano. Não curto muito o rock, é bem verdade, mas existe uma versão especial para o filme "Nicotina", onde não há aquela barrulheira de bateria, e instrumentos típicos dos ritmos latinos são utilizados. Ficou super bacana (perdão, Ivan Lessa), me amarrei quando ouvi durante o filme: -


Aterciopelados - Luz Azul (Nicotina Mix)

domingo, maio 17, 2009

Hoje o assunto refere-se a indicações.
Vou desenvolver 3 delas, mas ater-me-ei a uma em especial, conforme segue: -
À exceção da Mônica, minha companheira de web desde longa data e também leitora deste espaço, que por uma razão lógica (mora em Aracaju), deve conhecer sobre ciranda, maracatu e afins, quem dos que por aqui transitam, ainda que anonimamente, poderia neste momento levantar o dedinho quando eu perguntar sobre o conhecimento destas 2 expressões destacadas?

A verdade é que brasileiro não consome a cultura que produz. Costumamos (sim, pois eu também me pego reproduzindo tais ressalvas) dar mais crédito e valor ao que vem de fora.
Há dias quero abordar este assunto, desde que acompanhei ao largo uma polêmica que se criou no blog do Zeca Camargo, quando ele resolveu assumir publicamente que achava bacana uma tal de "Stephany" ou algo assim, e ainda teve a ousadia de disponibilizar o link da moça no Youtube.

Hahahaha, confesso que ri às pampas com a indignação de 99,9% dos leitores, que acharam um absurdo, um impropério, um cara do quilate do Zeca Camargo simpatizar com aquela tosqueira.
Explico: essa tal de "Stephany" é uma sujeita, ao que parece, que anda fazendo sucesso entre as massas e ganhando espaço em programas tipo do Gugu Liberato. A guria se apropria de músicas comerciais de cantoras americanas que cairam nas graças da mídia, tal como Vanessa Carlton e sobre essas músicas, enfia uma letra pra lá de brega no ritmo do forró, sendo que um de seus vídeos (bem acessados) do Youtube traz a seguinte letra: "Eu sou linda, absoluta, eu sou Stephany", tudo isso embalado pela coreografia de um clipe da Beyonce e muito mais. KKKKK, gente, é ruim demais!
Mas se é tão ruim assim, porque o Zeca gostou? Pelo que entendi, ele acha uma boa voz, e realmente, é verdade. Se assemelha àquelas vozes de vocalistas de bandas de forró do nordeste, são vozes fortes, mas no caso do Stephany tudo muito mal aproveitado, só reproduções de performances que deram certo, recheado de muito mal gosto.
Desculpe-me Zeca, você é um cara super culto, mas essa sua indicação não colou.

Mas, dei audiência demais pra essa moça e com isso, estou me desvirtuando do meu foco.

Dizia eu que muito do que é produto de qualidade brasileiro (vamos esquecer da popularidade da Stephany) não é consumido aqui, deixa de ser divulgado, não obtem patrocínio e nem aceitação.

Alguém já ouviu falar de "Mestre Ambrósio"? O termo não me é estranho, mas eu não sabia do que se tratava, até descobrir, por um mero acaso, dia desses, visitando blogs alheios, aleatoriamente, um cara chamado Siba. O dono do blog havia incluído no seu tocador de mp3 algumas músicas de Siba, e embora eu não estivesse muito entretida na leitura, achei curioso o fundo musical e fiquei por ali, prestando audição.

E abro aqui mais um parênteses para falar dessa coisa de direitos autorais na internet. Vários dos sites dos quais eu me valia para criar minhas playlists tiveram "as pernas quebradas", ou seja, a censura proibiu a divulgação dos conteúdos de modo integral, sendo que hoje em dia, se muito tocar, toca-se 30 segundos de música e nada mais. Num passado bem próximo, eu podia montar minhas playlists ao meu bel-prazer e em seguida, apenas embutir seu código HTML no blog e estava feito. No presente, a muito custo consigo isso, tive que me valer de meios alternativos, com os quais não simpatizo em abundância, tais como Youtube e mp3tube (que continua dispobilizando conteúdos, mas só Deus sabe dizer até que infeliz dia).

Sou da opinião que na web é tarefa hercúlea controlar conteúdos, pois sempre se descobre um modo de burlar os bloqueios, e não bastasse isso, acho que o mundo virtual é um meio hiper eficaz de divulgação, acredito ser de grande valia para todos aqueles que não encontram espaço nos meios convencionais.

Sou contra esse bloqueio imposto pela indústria fonográfica e contra todos os outros bloqueios também, fique aqui registrado.

Falando nisso, viram a última da Carla Bruni? É dela a brilhante idéia de punir os baixadores de música com o corte do acesso a internet! Só era o que me faltava essa moda pegar, eu ponho o nome dela na boca do sapo, decerto!

A primeira-dama da França esquematizou o seguinte: o governo fica de olho no que você baixa; deu bobeira, catou mp3 na web, sua banda larga é cortada e você fica isolado do mundo virtual. Isso sim é um verdadeiro absurdo! Seremos aprisionados por tentáculos furtados do governo chinês, graças à mimosa Carla Bruni.

Novamente, revoltada que fiquei ao lembrar deste fato, perdi o foco.

Coisa boa a gente tem a obrigação de compartilhar com os outros, porque as ruins, chegam sem a preocupação de serem bem-vindas. Eu falava de Siba, pois bem...

Siba fazia parte de um grupo chamado Mestre Ambrósio, o qual deixou pra trás quando partiu de Pernambuco e veio para São Paulo há alguns anos atrás. Pelo que descobri, aqui continuou desenvolvendo o ofício da música, cantava semanalmente e arrebanhava público fiel na capital, mas optou por fazer o caminho de volta à sua terra, e lá, com músicos escolhidos à dedo, dar forma a Siba e a Fuloresta do Samba.

Ciranda, coco, frevo, maracatu, rima, poesia bem feita, inteligente, crítica e original, foram esses ingredientes que levaram Siba e seus parceiros a serem reconhecidos internacionalmente, com 2 turnês européias na bagagem, e quantas pelo Brasil mesmo???

Neste final de semana está acontecendo a Virada Cultural Paulista pelo interior do Estado, que visa levar diversas formas de cultura, gratuitamente, à população. Pelo que acompanhei ontem, palavras do governador, o público vem aumentando a cada edição, e fico feliz por isso; cultura é também educação, ingrediente do qual o brasileiro anda carente a valer.

Siba é figura certa nas Viradas Culturais e nos Sesc´s da vida, Europa afora e em eventos aqui e acolá financiados pelo poder público. Mas Siba não chega a todos os lugares, nem a todos os ouvidos, e quando eu digo Siba, refiro-me não só a ele, mas a uma gama de artistas que trazem consigo o que há de melhor e mais característico na cultura e tradição brasileiras. E hão de dizer: "Mas o povo não gosta disso, o povo não consome esta arte, o povo gosta do Créu, da mulher Melancia, do MC sei lá das quantas, é isso que faz ajuntar gente."

O povo gosta disso sim, porque diariamente ele é condicionado a isso, a viver de pão e circo, sem maiores problemas, ou questões, sem curiosidade pelo novo, sem ansiar por conhecer o que há além do que está a olhos vistos.

Normalmente, posto link de cantores estrangeiros aqui sem maiores preocupações sobre seus direitos autorais; hoje, peço permissão ao Siba para divulgar o seu trabalho, tenho a pretensão de lançar uma semente de ótima qualidade, pelo simples prazer de passar adiante algo que acredito valer a pena. Procurei web afora o link dessa música e não achei, tive o cuidado de baixar e fazer upload no site, prestem atenção à letra :


Siba e a Fuloresta do Samba - João do Alto



Ato contínuo, segue a 2ª indicação do dia:




Fique claro que não estou recebendo propina alguma pela divulgação do Trident Tropical Mix, mas há de se convir que é muito mais prazeroso escrever ao sabor doce de frutas cítricas, e sentindo o delicioso perfume deste chiclete; aprovado!

A 3ª indicação exclui os cuecas, trata-se disto:



Alguém reconhece uma sombra adesiva quando vê? Pois é, Dona Lu, esta é inspirada em você, sombra adesiva degradê. Segundo as instruções do fabricante é só destacar, pressionar contra as pálpebras e economizou-se meia hora de luta em frente ao espelho. Comprei para testar, mas vi num blog afora, que (na pele daquela determinada pessoa), dentro de poucos minutos, o pó se aglutinou em certas áreas e o efeito não ficou nada bacana. Penso que pode ter sido devido à oleosidade da pele, não vou dizer que é ruim antes de provar, mas, dando certo, propagarei!
Caso alguém queira encomendar (hahaha - achei consumidoras em potencial web afora, ávidas por este pó de pirlimpimpim), é só entrar em contato comigo pelo e-mail que fazemos negócio!

Por hora, chega de indicar e escrever, preciso de repouso, continuar vendo o último episódio desta temportada de Lost e os filmes que loquei ontem. A propósito, assisti O Expresso da meia noite, e é com convicção que afirmo que o assunto renderia um post; quem conhece o filme pode confirmar.

"Bisous" a quem pisar os pés neste espaço, e em especial para o Vi - de quem nunca canso de gostar.

sexta-feira, maio 01, 2009

Feliz 1º de Maio!

E como não poderia deixar de ser, hoje, (por que não?) haveria de sair do forno nova postagem, fruto do ócio criativo(?) proporcionado por esta bem-aventurada e mais do que adequada folga, justo na sexta-feira. Hehe, tem gente por ai mais feliz do que pinto no lixo. Conheço uns que, como a maioria, rumaram sentido ao litoral. Eu, como sou meio anti-gente - haha, conheci esse curioso termo hoje mesmo, enquanto lia um comentário a respeito do protagonista da postagem - optei pelo merecido descanso, pois ainda hoje estou com dores lombares, causadas por rigorosos exercícios aplicados na terça-feira. (Eita teacher malvado!)

Não vou falar muito sobre o motivo do feriado, aliás, esta menção sequer havia passado por minha idéia, até o instante onde perguntei a mim mesma: "Mas de onde saiu essa história de criar um feriado em homenagem ao trabalhador em 1º de maio?"
Assumo minha ex-ignorância, e aposto grana alta como muita gente por ai, TRABALHADORA, desconhece a história desta data.

Rapidamente, gostaria de fazer constar que apenas para satisfazer a minha curiosidade, descobri que em Chicago, EUA, no ano de 1886, mais exatamente no dia 1º de Maio, houve uma movimentação de trabalhadores nas ruas, reclamando por seus direitos, exigindo diminuição da carga horária, melhores salários, benefícios, enfim...melhores condições de trabalho, tais quais estas de que hoje desfrutamos. Só sei que naquela ocasião, o motim foi suprimido da forma tradicional; feridos e mortos nos garantiram a situação em que estamos hoje como trabalhadores. Este movimento não foi o único, nem tampouco o primeiro, mas talvez tenha sido o maior e de mais vasta influência, o precursor na aquisição de melhores condições trabalhistas.

Mas, vamos aos "trabalhos":

Desde cedo que curto a rua, haha. Mas sou uma curtidora calma e equilibrada. Na escola, minhas amigas eram sempre tidas como as piores companhias, porque usavam maquiagem, vestiam roupas "ousadas", e eram dadas a certas liberdades que mocinhas de família não ousariam. Isso tá parecendo coisa do século passado? Nem é! Vivíamos em redor do colégio de freiras que em muito influenciava a sociedade local. Cidade pequena, já viu como é...Mas, este prelúdio foi apenas para citar que desde meus primeiros passos dentro das boates, nos anos 90 e pedrada, eu ouvia tocar THE SMITHS, com "Boy With A Thorn In His Side", e desde sempre eu achei muito bacana essa música, posso até dizer sem medo que é uma das músicas de que mais gosto, e certamente faria parte da playlist da minha vida, caso eu estivesse montando uma. Esta, sem dúvida, ilustraria meus primeiros anos de balada. Mas, faz-se necessário esclarecer o seguinte: essa música foi hit, se não me engano, por volta de 1980 e poucos, mas mesmo anos depois, em muitas ocasiões, eu ficava esperando aquele momento pós-auge, quando as pessoas já estavam indo embora, o lugar estava meio vazio, havia grandes lacunas entre os presentes, e o DJ, como quem num aceno com um quê de melancolia, característico dos fins de noite, para selar com "chave de ouro", mandava essa:



Este vocalista, com estes trejeitos meio esquisitos, é MORRISSEY. Ah, mas tá, mais um Morrissey como tanto outros...
Nem é!!! Pelo menos pra mim, que sempre achei muito peculiar a sua voz (e por que não dizer o mesmo dele próprio). Na época do vídeo, Morrissey era vocalista de um grupo inglês do que podemos chamar de Indie Rock (gênero que sempre pesquiso no Myspace, bem influenciada pelo Zeca Camargo). O grupo fez sucesso, bastante, mas logo se desmantelou devido às tradicionais rusgas que surgem onde existe mais de um ser humano.

Acontece que, Morrissey ingressou na carreira solo. O cara não é lá muito popular, e é possivel encontrar várias polêmicas e "mistérios" em torno dele, a exemplo dos questionamentos acerca de sua sexualidade (haha, esse pessoal encana demais com meus singers de estimação, fazem o mesmo com meu amado Ricky Martin). Mas o fato é que Morrissey é um celibatário assumido e ninguém jamais conseguiu provar sua homossexualidade. Além de celibatário (condição que compartilho até o momento com ele - piada infaaaaaame), Morrissey é vegetariano (coisa que tento ser,porém ainda não consegui porque aprecio um bom filé de dourada), portanto, segundo as palavras do cinquentão em questão, ele não se alimenta de nada "que já tinha tido face algum dia". O cara também já criou saia-justa com políticos, e é fã de Oscar Wilde - deste cara, eu não gosto; comecei a ler uma obra sua apenas por ter descoberto que ele era libriano, mas logo desisti, não me agradou em nada - enfim...Morrissey é um cara à parte.

Agora, quase 30 anos depois de "Boy With A Thorn In His Side", estava eu passeando web afora: http://www.mysecretplaylist.com/, e me deparo com esta capa de disco:




Achei linda, mesmo! Esse coroa todo "mala" com esse bebezinho ao lado, achei um charme, curioso, uma delicadeza e uma originalidade, tudo ao mesmo tempo e misturado, me chamou atenção, mas como já estava impaciente e com uma certa pressa, sem delongas, passei ao largo...Mas, o que é o destino não??? O dicionário diz: seqüência de acontecimentos e situações pretensamente predeterminados. Eu diria que, talvez por forças de ordem comercial, da mídia (será que a mídia pode formar um destino?), venho tendo uma série de encontros com Morrissey ultimamente, mesmo sem o saber. Recentemente, ocorreu o último deles, quando vi um clip na TV, e instantaneamente, reconheci a voz do vocalista dos Smiths. Era ele, parei a dança do controle e fiquei prestando atenção, curti demais uma das faixas do novo CD, minha dica do dia:



Com vocês, Morrissey, alguns anos mais velho, mais contido nos trejeitos, mas não menos inconfundível na voz. A música é a mais comercial do disco, dane-se, eu gosto...gosto dos instrumentos que eles usam, e gosto muito da voz do Morrissey. Linkei justamente essa versão ao vivo porque é mais genuína, e, a propósito, para selar com chave de ouro, a exemplo do DJ que tocava Smiths na hora da saideira, dias atrás, li no Folha Online que um cantor havia abandonado o palco durante um show. Como assim??? Não liguei muito para a matéria e, novamente, passei ao largo, para somente depois ter descoberto que o tal cantor era MORRISSEY, haha. Achei uma grande piada!

O que houve realmente? Morrissey estava no início do show quando disparou: "Eu posso sentir o cheiro de carne queimando e, por Deus, espero que seja humana", este é meu ídolo! Logo em seguida, em protesto, ele abandonou o palco (porque sentiu cheiro de carne sendo preparada nas proximidades).

PS: Ele voltou, depois. (hihihi)


PS 2: Citei que tenho tido uma série de encontros com Morrissey, mesmo sem o saber, porque embora a notícia acima trouxesse seu nome, desligada, não linkei nome à pessoa. Quando vi a capa do disco, embora novamente seu nome estivesse ali, acometida pela mesma falta de atenção, não o reconheci (mais velho que está), fato que só veio a ocorrer quando assisti o clip mais acima; o que prova que meus ouvidos e a voz do Morrissey continuam perfeitos, apesar do tempo.