segunda-feira, agosto 06, 2018




Ontem, como de costume, sai para fotografar; ultimamente, tenho-o feito sem destino algum; simplesmente, de modo aleatório, pego uma estrada e entro no modo #fui!
Meu humor me guiou para as bandas do aeroclube local – lugar muito adequado para se apreciar o sol, a cidade ao longe, ou os paraquedistas se atirando do avião (atividade que inclusive já pratiquei, embora não recomende para cardíacos, frouxos e maricas).
E pensei comigo mesma: - “hoje preciso ir além, descobrir um lugar Sui generis, sentir onde esta estrada há de me despejar...” E fui.   
Passei pela Oji Papéis, e permaneci à direita, onde já era desconhecido para mim, e movida pela forte atração pela direita, enveredei num acesso de visitantes que dava num condomínio fechado, fiz o retorno, e teimosamente, emboquei à direita novamente, já às portas do Monte Alegre.
Achei bem acolhedor e convidativo para os meus cliques, iria me divertir ali: tem um laguinho com um casal de patos, uma capela interessante, restaurantes (pasmem!) e comensais a valer circulando pela região, ruazinha saturada de carros que contrastavam com o ar campestre do local, onde também encontrei galos cacarejando, crianças brincando, velhinhos passeando ou sentados na calçada e até um burro/asno (animal de quatro patas mesmo) com quem fiz amizade. Inclusive, ele posou para mim, fez caras e bocas, e até se ofereceu para ser acarinhado, com semblante carente.
Vida que segue, depois de explorar a região e fazer várias fotos, ao regressar, vim enquadrando outros cenários da região, no melhor estilo “aproveitar a raspinha do tacho”, e tudo ia bem até que, ao avistar um tanto de vacas num terreno - que imagino seja da Esalq - sai da rodovia e ocupei o acostamento, desapeei, e constatando que não havia como fazer boas imagens dali, voltei pro veiculo para seguir viagem.
Tinha chovido, a terra estava úmida, um pouco barrenta e fiquei muito contente ao acelerar e receber como resposta um agonizante patinado...PRONTO, fiquei com calor na hora!
Insisti, dei ré, e ao sair, patinava bonito e não evoluía um cm...continuei na labuta e uma luz acendeu no painel (quem sabe, indicando um super aquecimento). Quis entrar em pânico: ali, na zona rural, na beira de uma estrada, só eu e as vacas do outro lado da cerca, e uma fina garoinha que começou a cair, lamentando a minha sorte inusitada.
Não obtendo sucesso em tirar o carro do chão enlameado, clamei pelo irmão no whatsapp e nada, somente o vazio...
Fora do carro não passava dos 15 graus, mas eu sentia um calor típico de Saara, e a minha mente já trabalhava fervorosamente imaginando 999 situações, eu definhando para sempre naquela beira de estrada deserta, à mingua (hahaha), foi então que tive o insight de chamar um UBER para me socorrer, e fiz!    
Dez minutos mais tarde, aproximou-se um Fox branco, desceu do carro um motorista jovem, chinelão de dedo no pé - devia estar vendo o sagrado futebol do domingo à tarde, enrolado em suas confortáveis cobertas.
Olhou-me ali, naquele local incomum e suspeito, ao que logo me adiantei: - “Moço, na verdade não te chamei aqui para uma viagem, mas foi a alternativa que me ocorreu, recorrer ao Uber para me ajudar a sair daqui. Estou patinando na lama, sem conseguir tirar o carro. Será que tem como me ajudar?”       
O rapaz entrou no carro, perguntou das posições do câmbio, tentou se ambientar e saiu acelerando e patinando e zigue zagueando. Acreditei que ele estava prestes a sair voando e doeram em mim as escorregadas de que fui testemunha. Insistentemente, no modo chucro, sem dó nem piedade, o cara foi saindo e logo estava novamente no asfalto; e eu, feliz da vida!
Agradeci alegremente e quando acessei o app para qualificá-lo como ótimo, percebi que havia cancelado a corrida sem sequer receber os nem R$ 10,00 que custaria minha ida até em casa.
Pensei: puxa, deixou o conforto da sua casa, gastou seu combustível para ir resgatar uma estranha em pleno domingo frio à tarde e nem cobrou por isso!
Agradecida estou pela providência divina, que sempre vem em meu socorro nestas longas estradas da vida!
O anjo se chama WALIFE MOURA OLIVEIRA, de Minas; gente boa precisa ser propagada.
Segue a foto das vacas: aqueles pontinhos brancos no infinito...À exceção do alinhamento com a linha do horizonte, uma imagem medíocre e uma história para contar.    

quinta-feira, outubro 26, 2017

Lembrei-me ainda estes dias:
Eu estudava a tarde, cursava os primeiros anos escolares.
A escola ficava ha uns 200m de casa, e era recem construida.
Recordo que era costume brincar de "vivo e morto" e fazer pickniques; eu levava uma quantidade absurda de guloseimas, biscoitos recheados (que hoje nao como nem por um decreto), iougurte, balas, essas coisas aporrinhadas, "puxadas" no doce, que fascinam as criancas e lhes destroem a dentadura (nao que eu nao as ofereça aos meus sobrinhos), chicletes que grudavam nos cabelos, inclusive nos meus - ocasioes desafortunadas onde eu me debatia ora com a crina, ora com a borracha grudenta, que sabe-se la por qual bocal infantil havia passeado...
Nao recordo o nome da professorinha, mas sei bem que eu era colega de uma menina magrinha, de cabelo curtinho, a Janaina, que so tinha um defeto: era paquerada pelo Andre, sendo que este ultimo era objeto de minha paquera. Ou seja, eu gostava do Andre, que gostava da Janaina, historia que, ironicamente, se reproduz na vida humana ja desde a tenra infancia - oh ceus!
Eu cria que Andre era lindo, o pirralho mais bem apessoado daquelas bandas, porem, a excecao de seu bom humor, desconfio que ele deva ter crescido baixinho e sem pescoco..e eu divago...
So sei que, pelos idos de 80 e la vai pedrada, era febre uma tal borracha bem bonitinha, mas nada pratica; quando friccionada contra o papel, produzia um borrao medonho, nunca apagou nem os tracos do lapis mais vagabundo.

As mal aventuradas borrachas decorativas, nao raro, exalavam aroma de fruta e continham figuras infantis, de bichinhos ou personagens de desenho animado, e eu olhava de soslaio para as dos coleguinhas. Até tinha as minhas, mas por obra e arte de um encosto zombeteiro, certa feita, com uma canetinha, tomei uma das borrachas de Janaina, a musa inspiradora de Andre (meu muso inspirador) e comecei a contornar a linda figura de um coelhinho. Tarefa concluida, com a tinta ainda umida, fiz uma especie de transplante para enfeitar o meu caderno com as formas do pequeno mamifero orelhudo.
Para minha satisfacao, fiquei com o caderno carimbado, porem, para meu desespero, o desenho do bicho havia sumido da borracha (com certeza, os chineses ja estavam entre nos).
Meu coracao acelerou em disparada, e Janaina, ao notar o que havia acontecido, pos-se a lacrimejar inconformada e inconsolavel, choramingando meu nome em som mais alto do que julguei ser adequado (desde criança eu prezava pela discrição).
Senti um remorso tamanho, porem, fizera sem qualquer intencao malefica, embora hoje eu desconfie do meu subconsciente trabalhando em segundo plano, de forma ardilosa, para  vingar-se daquela que era o sonho do homem dos meus sonhos...Dificl ter 9, 10 anos, as paixoes sao incontrolaveis e a gente pode ser cruel com os amiguinhos...
Em tempo: Fiquei desesperada quando vi o banzé armado, aquela menina chorando e a professora vindo tomar conhecimento do ocorrido. Meu pai me buscava na escola e me borrei ao imaginar a "tia" fazendo reclamações a respeito de meu comportamento; sobrar pra mim não seria boa coisa.   

sábado, outubro 21, 2017

Tava relendo e revisitando uns textos antigos; escrevi muita coisa bacana, mas muita bobagem tambem...pudera, e praticamente um recondito, um diario com quem dialogo de tempos em tempos( e bota tempo nisso...)
Nao faco questao de que estranhos explorem minhas terras virtuais, discricao e comodo, prudente e libertador. Aqui so vem os convidados, e quando muito, breves e longinquos desconhecidos.
E o tempo passou, tanta vida aconteceu, meus sobrinhos estao ficando crescidos e controlam smartfones de forma incrivelmente intruitiva.
Quanto a mim, ahhh!! De uns 5 anos pra ca tenho conhecido tantas pessoas que sequer ousaria imaginar, procurado crescer, expandir como pessoa e como espirito, tive novas e enigmaticas experiencias, auto superacoes, conquistas, muito trabalho e aprendizado, e algumas historias a contar.
Felipe me instigou a um enfrentamento com a capital, vaguear mundo afora, num onibus seguro, sendo guiada, mas seu desapego inspirava cuidados, e a distancia pairou entre nos; Lucas, mais proximo, porem nao menos complexo, foi vitima de numerosas promessas de idas que nunca se concretizavam, enquanto isso, o tempo ia agindo, corroendo, provocando erosao, e quando finalmente, galguei um lote de degraus para estar mais proxima, tudo se esvaiu; Rodrigo, lepido, fagueiro e terrivelmente geminiano, boa labia, viajado, descolado, um musico no mercado imobiliario, uma alma errante, distante, inacessivel, mas gostosa, leve, com sabor e perfume de vinho, cerveja, com cara de passaporte, o tipico deus mercurio, sempre um passo a frente, asas nos pes, somente uma ilusao. 
Mas, o destino, a vida, ou a sorte, quem sabe, em suas idas e vindas, trouxe Felipe novamente, e com ele, o desafio que me levaria ao volante da minha vida, por estradas, marginais, viadutos, waze, Sao Bernardo do Campo e trabalho pesado de meus guardioes (pobrezinhos, que Deus os recompense)...Foi uma bela tentativa, teve sua razao de ser, me acrescentou, me apresentou o ayahuaska e uma honestidade que caminhava de maos dadas com banhos de agua fria.
Depois de um 2015 morno e lento, 2016 me trouxe a experiencia mais longa, emblematica e complexa: Alvaro, o imaturo contraditorio. Sagitariano dos ultimos graus, com lua e venus em capricornio, esse sim, me fez gastar sola de sapato, combustivel, pedagio e lagrimas. Henrique jura que e karmico, e, quem sabe, deva ter sido...Dignidade subiu no telhado e assistia de camarote as festas nas republicas, o desfile das "migas", uma lata de cerveja ser mais atraente e valorizada. Um quadrupede com ego exaltado, um vinho que era agua, desculpas esfarrapadas, cabeludo magrelo maria vai com as outras (as mais infantis possiveis), tirava foto deitado na sarjeta, inconsciente alcoolico e se achava glorioso. Nao respeitava horario, chegava quando queria, uma hora queria, dia seguinte nao mais, inspirava tremenda compaixao, e um perdido dentro de si proprio, mas capaz de uma frieza assombrosa. Levou me em banho maria aproveitando se de minha boa vontade e do meu empenho em emendar-me, amor proprio debaixo do chinelo e "a desilusao e a visita da realidade" + "ingratidao e o fruto do favor nao merecido" rotulariam perfeitamente a pataquada protagonizada por Paco, da qual fui cumplice. Mas, pra ele tambem nao deu certo, e segue o baile! Altamente nocivo, camarao, Duvel, praia da Baleia que nunca aconteceu, candomble, exu, orixas, um giro de 180 graus pra voltar a estaca ZERO! 
Sao muitas historias pra boi dormir, e um bando de aprendizado. Ainda bem! E, Senhor, continuo sendo imensamente grata aos meus guardioes incansaveis, trabalhadores extremamente competentes, dedicados e a prova de ataques cardiacos...Diz a historia que meu avo paterno esta entre eles; vo Lucio, fera! O senhor foi o melhor avo que eu pude ter, gratidao pelo carinho, pelo cuidado, pelos benzimentos, pelas suas amnesias, pelas papinhas de leite, pela vida no sitio; que a luz, o amor e a benevolencia divinos te alcancem. 
Boa noite! :)