Ontem, como de costume, sai para
fotografar; ultimamente, tenho-o feito sem destino algum; simplesmente, de modo
aleatório, pego uma estrada e entro no modo #fui!
Meu humor me guiou para as bandas do
aeroclube local – lugar muito adequado para se apreciar o sol, a cidade ao longe, ou
os paraquedistas se atirando do avião (atividade que inclusive já pratiquei,
embora não recomende para cardíacos, frouxos e maricas).
E pensei comigo mesma: - “hoje preciso ir além, descobrir um lugar Sui generis, sentir onde esta estrada há de me
despejar...” E fui.
Passei pela Oji Papéis, e permaneci à
direita, onde já era desconhecido para mim, e movida pela forte atração pela
direita, enveredei num acesso de visitantes que dava num condomínio fechado,
fiz o retorno, e teimosamente, emboquei à direita novamente, já às portas do
Monte Alegre.
Achei bem acolhedor e convidativo para os
meus cliques, iria me divertir ali: tem um laguinho com um casal de patos, uma
capela interessante, restaurantes (pasmem!) e comensais a valer circulando pela
região, ruazinha saturada de carros que contrastavam com o ar campestre do
local, onde também encontrei galos cacarejando, crianças brincando, velhinhos
passeando ou sentados na calçada e até um burro/asno (animal de quatro patas
mesmo) com quem fiz amizade. Inclusive, ele posou para mim, fez caras e bocas,
e até se ofereceu para ser acarinhado, com semblante carente.
Vida que segue, depois de explorar a
região e fazer várias fotos, ao regressar, vim enquadrando outros cenários da
região, no melhor estilo “aproveitar a raspinha do tacho”, e tudo ia bem até
que, ao avistar um tanto de vacas num terreno - que imagino seja da Esalq - sai
da rodovia e ocupei o acostamento, desapeei, e constatando que não havia como
fazer boas imagens dali, voltei pro veiculo para seguir viagem.
Tinha chovido, a terra estava úmida, um
pouco barrenta e fiquei muito contente ao acelerar e receber como resposta um agonizante
patinado...PRONTO, fiquei com calor na hora!
Insisti, dei ré, e ao sair, patinava
bonito e não evoluía um cm...continuei na labuta e uma luz acendeu no painel
(quem sabe, indicando um super aquecimento). Quis entrar em pânico: ali, na
zona rural, na beira de uma estrada, só eu e as vacas do outro lado da cerca, e
uma fina garoinha que começou a cair, lamentando a minha sorte inusitada.
Não obtendo sucesso em tirar o carro do
chão enlameado, clamei pelo irmão no whatsapp e nada, somente o vazio...
Fora do carro não passava dos 15 graus,
mas eu sentia um calor típico de Saara, e a minha mente já trabalhava
fervorosamente imaginando 999 situações, eu definhando para sempre naquela
beira de estrada deserta, à mingua (hahaha), foi então que tive o insight de
chamar um UBER para me socorrer, e fiz!
Dez minutos mais tarde, aproximou-se um
Fox branco, desceu do carro um motorista jovem, chinelão de dedo no pé - devia
estar vendo o sagrado futebol do domingo à tarde, enrolado em suas confortáveis
cobertas.
Olhou-me ali, naquele local incomum e
suspeito, ao que logo me adiantei: - “Moço, na verdade não te chamei aqui para
uma viagem, mas foi a alternativa que me ocorreu, recorrer ao Uber para me
ajudar a sair daqui. Estou patinando na lama, sem conseguir tirar o carro. Será
que tem como me ajudar?”
O rapaz entrou no carro, perguntou das
posições do câmbio, tentou se ambientar e saiu acelerando e patinando e zigue zagueando.
Acreditei que ele estava prestes a sair voando e doeram em mim as escorregadas de
que fui testemunha. Insistentemente, no modo chucro, sem dó nem piedade, o cara
foi saindo e logo estava novamente no asfalto; e eu, feliz da vida!
Agradeci alegremente e quando acessei o
app para qualificá-lo como ótimo, percebi que havia cancelado a corrida sem
sequer receber os nem R$ 10,00 que custaria minha ida até em casa.
Pensei: puxa, deixou o conforto da sua
casa, gastou seu combustível para ir resgatar uma estranha em pleno domingo
frio à tarde e nem cobrou por isso!
Agradecida estou pela providência divina,
que sempre vem em meu socorro nestas longas estradas da vida!
O anjo se chama WALIFE MOURA OLIVEIRA, de
Minas; gente boa precisa ser propagada.
Segue a foto das vacas: aqueles pontinhos
brancos no infinito...À exceção do alinhamento com a linha do horizonte, uma
imagem medíocre e uma história para contar.