Segundo dados que achei vasculhando por ai, em 2009 os brasileiros teriam consumido cerca de 3 mil toneladas (óh!) de anorexígenos e afins. O número parece absurdo, mas me arrisco a pensar que até seja bem maior, uma vez que, ao que parece, a ANVISA desconhece os dados referentes ao consumo destes remédios em datas pregressas.
Pelo que apurei, as medidas de controle e contenção são recentes, mas (parece) eficazes, pois já nos primeiros meses do finado (e talvez saudoso) 2010, os dados divulgados tenham apontado para a queda do consumo. Ademais, quem “manja” do assunto, sabe que qualquer farmácia precisa reter uma guia azul sempre que liberar um medicamento da natureza acima mencionada – creio que estas benditas guias sejam verificadas posteriormente pelo órgão de controle. Enfim...essa medida acaba dificultando o acesso, mas, graças ao “jeitinho brasileiro” jamais impedindo.
Bom, quem está um pouco atento, sabe que há alguns meses atrás explodiu feito Luan Santana e seu meteoro, um manipulado que atende (ops, atendia, pois a ANVISA tratou de cortar suas asinhas depois de uma matéria do FANTÁSTICO) pelo nome de caralluma.
Os comentários a respeito desta maravilha, originária das bandas da Índia, eram os mais diversos. Até Ivete Sangalo incluíram no pacote; as noticias atribuem sua perda de peso ao consumo da caralluma, enfim...eu mesma cheguei a encomendar 1 pote, tomei por alguns dias, mas confesso que, como gosto de resultados quase que instantâneos, acabei não dando prosseguimento, devido a um “percalço” que veio a ocorrer, conforme segue:
Por volta de setembro passado, uma amiga de trabalho, desejosa de perder uns bons quilinhos a mais que havia adquirido durante os penosos meses de sua última gravidez, resolveu firmemente que voltar a ser esbelta seria sua meta mais imediata. Sendo assim, procurou um endocrinologista, que lhe receitou o anorexígeno ANFEPRAMONA.
Ela voltou muito contente da consulta, satisfeita com a atenção dispensada pelo médico, e desde então, começou a tomar 2 doses diárias da cápsula.
Bem...estamos no 1º dia de 2011, o que significa que há 3 meses ela vem seguindo o tratamento. Se deu certo?
Sou péssima observadora das pessoas inseridas no meu convívio diário, é uma dificuldade tremenda perceber mudanças físicas ocorridas no dia a dia, uma vez que ele acaba nos engolindo e escasseando a capacidade de percepção dos detalhes, mas...a moça começou a secar, e secar. Eu mesma me prontifiquei a adotarmos a prática de medição da silhueta a cada 15 dias, pois, com números concretos à mão, o estímulo é sempre maior.
Em suma, a bichinha vem perdendo medidas num ritmo digno de congratulações, o que é fruto de uma disciplina diária, conquistada devido à “ajudinha” do anorexigeno, que inibe a sensação de fome, e , consequentemente, leva o sujeito a comer quantidades menores, tendo ai, uma possibilidade de reeducação alimentar.
A danada é casada, e o marido anda de orelha em pé, enciumado, pois a mulher vem recuperando a auto estima, o viço, e uma forma que tem chamado a atenção da ala masculina de plantão.
De minha parte, vendo os progressos ligeiros e concretos, fiquei interessada em saber mais sobre o medicamento, para em seguida, depois de uma análise dos riscos, resolver pela sua adoção.
Mãos à obra, devorei tudo o que havia de bulas e me informei sobre tudo quanto é efeito colateral possível, mas havia um porém: era necessário ter uma receita, as guias azuis que a farmácia retem, e, tudo isso, levava a uma consulta médica, coisa que sequer me passava pela cabeça, pois desconfio que um médico ético não fosse me receitar um anorexígeno, pelo simples fato de que não era obesa, praticava esportes regularmente, gozando de bom condicionamento físico, sendo que o peso que me excedia não era suficiente para alarmes.
Como tudo na vida tem alternativas (exceto a morte), consegui com um conhecido a tal receita médica, e em 11 de novembro passado, comecei a tomar ANFEPRAMONA.
Segue o meu relato diário das sensações experimentadas, produto dos tão alardeados e temidos efeitos colaterais:
Quinta-feira, 11/11/2010 : nos primeiros 60 minutos após a ingestão, senti boca seca,
necessidade de tomar água, olhos úmidos, uma moderada “euforia” por assim dizer,
uma moderada agitação. Estava digitando um texto, senti um pouco de dificuldade em
me concentrar e acabei trocando umas 3 ou 4 letras.
Passada a primeira hora, tudo voltou ao normal, mas, como era de se esperar, não
senti sensação de fome. Á noite, na academia, percebi um aumento de disposição e
após a costumeira sessão de musculação, completei o spinning assim como quem está
brincando num parque de diversões: foi fácil e rápido.
Mais tarde, tive dificuldade para dormir.
Sexta-feira, 12/11/2010: novamente, percebi que justamente 1h após a ingestão,
acontece 1 tipo de pico, a mesma agitação/sensação de ânimo moderada, olhos úmidos.
Depois, tudo se estabiliza. Durante o dia, senti umas sensações breves de uma espécie
de vertigem, mas nada sério.
Como tive dificuldade de pegar no sono na noite anterior, tomei apenas uma cápsula –
um teste, a fim de analisar a potência dos efeitos, mesmo assim, não tive sensação de
fome.
Á noite, com sinais de esgotamento, afinal tratava-se de uma sexta-feira, não senti
o mesmo ânimo do dia anterior, fiz spinning sem sentir qualquer cansaço, mas não
completei a série de musculação, e tive um pouco de falta de sono.
Sábado, 13/11/2010: como já verificado nos primeiros dias, sensação de dose de ânimo
que atinge o pico ao fim da primeira hora após a ingestão, e olhos úmidos.
Como não verifiquei um desempenho ótimo no dia anterior, sob efeito de apenas 1
cápsula, voltei a tomar 2 doses. Notei uma ótima disposição, realizei todas as minhas
atividades físicas – após ter cuidado da minha sobrinha por um bom período. Sem
sensação de fome.
Fui dormir tarde.
Domingo, 14/11/2010: não notei mais tão evidentes os sintomas de boca seca, agitação
nos primeiros 60 minutos, ou olhos umedecidos, apenas o retardamento do sono. Sem
sensação de fome.
Segunda, 15/11/2010: a exemplo do dia anterior, os efeitos outrora verificados foram
minimizados. Era feriado e não houve atividades físicas. Sem sensação de fome. Tive
dificuldade para dormir.
Terça, 16/11/2010: Fome reduzida e insônia bárbara. Ouvi o relógio da igreja tocar 3
badaladas, pela madrugada.
Sexta, 19/11/2010: Desde a última atualização até agora, notei somente a persistência
da dificuldade para dormir. Como há uma semana tenho convivido com o problema do
sono irregular, às vezes noto um pouco de esgotamento, mas acho que logo passa.
Segunda, 22/11/2010: Durante o final de semana tomei apenas metade da dose
recomendada e dormi melhor, mas hoje, já volto com as 2 cápsulas diárias, pois notei
que com apenas uma dose, ao final do dia, o desempenho na academia não rende tanto.
Estou entrando na segunda semana de testes com o remédio e creio (pelo menos espero)
já não ter tanto problema com insônia.
Quinta-feira, 25/11/2010: tenho dormido melhor, e notado que talvez eu esteja me
acostumando ao remédio, ou seja, a sensação dos efeitos foi minimizada. Porém, tenho
sentido algo incomum, como se estivesse com dor de barriga às vezes, mas não é isso, e
sim, algo como cólicas abdominais, mas não causa grande incômodo e logo desaparece.
Segunda-feira, 29/11/2010: Praticamente não tenho mais insônia, nem tenho sentido
aquela espécie de cólica abdominal que ameaçou-me por alguns dias. Andamento
regular do processo!
Como se nota, interrompi as anotações diárias desde a última data acima, uma vez que todos os efeitos foram se dissipando.O único deles que raramente ocorre é insônia, mas muito eventualmente.
Tenho tomado 2 cápsulas diárias,evitado o consumo de álcool (exceto por ontem), e PELA PRIMEIRA VEZ NA VIDA, posso afirmar que tenho adotado disciplina alimentar, pois, nunca fui de comer muito, mas sempre belisquei demais tudo que era de besteira, de forma gulosa mesmo, sem fome, pelo maldito hábito de empurrar goela abaixo tudo o que estivesse à mão na maior quantidade possível.
Eu sempre reclamava que me matava na academia e não via perda significativa de peso, atribuía a isso o fato de ter feito musculação com cargas altas durante o ano passado, ou a qualquer um desses distúrbios que interferem no peso.
Gorda nunca fui, mas de uns 4 anos pra cá venho tentando perder mais do que meros 2 ou 3 quilos, sempre com dificuldade, mas nunca evidenciando minha alimentação danosa.
Esses anorexígenos são massacrados pela mídia, criaram em torno deles uma aura macabra e temível e concordo que tem muita gente por ai se valendo anos a fio do consumo desses medicamentos, indiscriminadamente, mas sem qualquer mudança nos hábitos alimentares.
No meu caso, além de diminuir a sensação de fome, teve o mérito de finalmente me por na linha em relação aos alimentos.
Hoje, prestes a completar 2 meses de consumo, estou mais saudável, e entrando bem melhor nas roupas que antes me apertavam. Perdi até uma das calças do uniforme, pois mais parece um saco, é visualmente feio de se ver.
Não tenho noção de quanto perdi de gordura, pois tenho avaliação física marcada apenas para a segunda quinzena deste mês, mas estou satisfeita com os resultados que venho conquistando – prometo que quando tiver em mãos os dados da avaliação física, divulgarei aqui.
Enfim, no país que é facilmente o maior consumidor de toda a sorte de remédios para emagrecimento, tendo a crer que isso se deve, em grande parte, à nossa má alimentação.
Nada melhor para começar o ano com o pé direito, do que um relato de sucesso de alguém que, “depois de velha” está começando a aprender comer direito.
E, como não poderia deixar de ser, segue minha indicação musical; Lu, não vá torcer o nariz, mas JORGE E MATEUS são conterrâneos seus e merecem o crédito, além do que, é preciso reconhecer quando as coisas são boas, mesmo que não gostemos delas. Sou fã deles, e quem sabe, consigo pegar um show no Villa Country em São Paulo:
Felicissimo ano novo para todos os que por aqui passarem. Eu sei que uma simples troca de dia não faz milagres, mas, talvez uma troca de atitudes, sim...Não custa ter um pouco de boa vontade, e aproveitar o embalo da virada para tentarmos virar algumas páginas pessoais, renovar o fôlego, e seguir adiante.