sábado, novembro 27, 2010

Hoje à tarde, mais cedo, por volta das 16.30h, lá ia eu, feliz, saltitante, a pé, camiseta vermelha, calça cor-sim-cor-não, óculos escuros, apetrechos a tiracolo, fone no ouvido (volume máximo), debaixo do sol escaldante que Deus mandava, a caminho da academia, quando avisto um carro subindo a ladeira, cujo motorista de longe já vinha me fitando. Aos poucos, aproximou o veiculo da beira da calçada. Percebi que gesticulou algo como se me cumprimentasse, e parou uns 20m diante, aguardando (acredito) que eu voltasse para falar com ele.

Cabe aqui um parênteses para confessar que tenho problema de astigmatismo. Caso você me encontre por ai a uma distância superior a 1m, e eu não manifeste intenção de cumprimentá-lo, fique ciente de que o fato de não ter percebido sua presença é bem próximo de certo.

O cabeleireiro de quem sou cliente – argentino desaforado – esses dias me passou um pito: “ Quase me pisa, mas não falou comigo. Metida!”

Minha mãe : “Eta, você passou por mim feito um foguete na rua e nem me viu.”

Um colega de trabalho: “Raspou em mim pela manhã e nem olhou na minha cara.”

Outro colega de trabalho: “ Ei, vê se me cumprimenta quando tropeçar comigo na rua.”

Um nutricionista muito gente boa, cuja loja de alimentos congelados costumo freqüentar: “Nossa, naquele dia tive que gritar a plenos pulmões, porque nem buzinando a valer você olhou pro lado.”

Enfim...já farta de todas essas reclamações a respeito da minha suposta indelicadeza para com todas as gentes, decidi que ia procurar ficar mais atenta, dar mais crédito àquelas fisionomias que se deparassem comigo, mesmo que borradas pela distância – superior a 1m – e, simpaticíssima, cumprimentar a todos, ainda que na dúvida.

Pois bem! Conhecem aquela história do Monteiro Lobato – um dos meus ídolos da infância – sobre o velho, o menino, e o burro? Em suma, os 3 estão indo em alguma direção quando todas as gentes passam a dar palpite sobre quem deveria ir no lombo do animal (ou não). Pois é, a moral da história ensina: o sujeito que pretende agradar a todos, acaba se danando, e comigo não haveria de ser diferente, haja vista a tal Lei de Murphy.

Vejam só, dias atrás, avistei ao largo uma mulher que muito lembrava uma amiga de minha mãe, a certeza veio em mim como o estalar de um chicote, foi daí que abri um sorriso maroto e disparei um OI, seguido do tradicional aceninho de mão. Bingo!!! A dita cuja me olhou com cara de “ué?”, toda desconfiada, com aquela feição de gente sem graça, e quando cheguei mais perto, comprovei com alma de avestruz – daqueles que enfiam a cabeça no mais profundo abismo – que eu nunca havia visto mais gorda. Tudo bem, a vida segue...

Mas, voltando à vaca fria, retornemos ao inicio desta saga, onde eu estava mesmo? Hummm...estava no momento onde a figura “familiar” encostou o carro e virou-se em minha direção, aguardando que eu fosse ao seu encontro.
Pois bem, na maior boa vontade, dei meia volta, acreditando ser o Doutor - título merecidíssimo, a propósito - Joni, amigo de longa data - uma década, mas precisamente - recém chegado de seu pós doutorado na "convidativa" Alemanha, afinal, andava com um carro de modelo parecido (isso, antes de ter partido, a meia década, no encalço do título arduamente conquistado).

Quando emparelhei com a porta do veiculo e dei uma abaixadinha para me dirigir ao condutor, eis um ente pardo, cabelos acho que meio crespos (sei lá, nem reparei direito), magro, tipo esquisito, a roupa suja, com manchas escuras de cima a baixo, em semi-petição de miséria, sentadinho, que me tirou o chão com essa: “Posso te conhecer? Posso te conhecer?”

Putz! Numa fração de milisegundos, juro que me veio uma sensação depressiva(pausa para um suspiro).
Tive, confesso, repulsa daquela situação. Sabe, senti-me como uma daquelas mulheres de beira de estrada que se escora nas portas de qualquer um, com a bundinha empinada feito boca de canhão. Mesmo assim, juntei forças para me desculpar por ter voltado para ter com ele, alegando acreditar ser um amigo meu.
O cara não pareceu se importar muito com minhas explicações, e continuou repetindo se poderia me conhecer, o que só aumentava o meu mal estar.
Por fim, deixei-o falando sozinho, “pedalei” com tudo, inconformada...

De agora em diante, voltarei a me passar por antipática; na dúvida, sem cumprimentos!

Tô irritada!

domingo, novembro 21, 2010

Calor infernal; mas, tudo bem, prefiro-o ao frio.
Estou, de certa forma, um pouco esgotada depois de uma semana de sono instável + temperaturas em franca ascensão + alimento racionado + atividade física intensa + 2 dias no encalço da minha sobrinha. Haja disposição e preparo físico!

Cara Monica, vós que adorais fotos da pequena, segue uma das que produzi ontem, durante visita ao zoológico.

Levei minha sobrinha a um passeio fora de seu padrão habitual – que inclui o maçante percurso compreendido entre a casa dela e a minha, afinal, a pobrezinha daqui a pouco completa 2 anos, totalmente alheia ao mundo no qual cairá um dia (hehe).
Ela ficou muito atenta aos bichos – tudo era novidade – em especial o leão, que, inspirado, presenteou sua platéia (uma dezena de moleques) com urros que eu, macaca velha que sou, jamais havia presenciado. Uma ladainha de choros ecoou instantaneamente por todos os cantos onde havia piás de fralda, ao passo que não me contive e desandei a rir deles.
A que estava comigo, no colo, teve a intenção de fazer cara feia também, mas logo passou.
Desafortunadamente, não tinha à mão uma câmera filmadora para imortalizar o momento...

Esse final de semana não consegui ver nenhum filme, ainda, só a cuidar de criança e amadurecer feito banana no carbureto debaixo do sol dos trópicos.

O destaque da atualização de hoje fica por conta de:

1) Jogo do Ajax versus PSV – não acompanho nenhum dos 2 times, tampouco vi a partida; interessou-se apenas o modo curioso como um dos atletas, tal de Suarez, atacou o rival, munido da arcada dentária. Reparem, belo carimbo!



2) Meio milhão de reais – é o quanto vale o carro dos meus sonhos. Bem...não propriamente, achei com cara de carro de senhor de idade, mas dispõe de um diferencial que me seria demasiado útil: acelera e freia sozinho.
Audi A8, o carro que você só dirige depois de passar por um curso que o familiariza com todos os apetrechos internos. Tocar nos pedais? Não necessariamente...basta fazer alguns ajustes, como velocidade máxima desejada e distância a ser conservada em relação ao veículo à frente, informações suficientes para que o modelo desenvolva de forma autônoma o seu trajeto.

Quando eu praticava aulas de direção, o instrutor quebrava a cabeça para me fazer acelerar, o que em nada me atraia, mas ele insistia, dizendo: “Hoje vamos ter aula de avenida e você precisar seguir o trânsito, ser ligeira, senão, passam por cima da gente”.
Eu tinha medo de bater, de não ter reflexo suficiente, de algo inesperado acontecer, dos pedestres imprudentes, dos carros alheios e desgovernados, do bicho papão se jogar na minha frente, enfim...aulas e mais aulas e muito pouca evolução no quesito velocidade adequada.

3) Dados os últimos acontecimentos recentes,amplamente divulgados na imprensa, a respeito de abusos e agressões que vitimaram homossexuais, hoje, li uma entrevista onde Fernando Seffner - professor adjunto da Faculdade de Educação da UFRGS, docente e orientador junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação na linha de pesquisa Educação, Sexualidade e Relações de Gênero, com ênfase principal na investigação das pedagogias de construção das masculinidades – discorre sobre o tema. Abaixo os pontos mais interessantes:

“...temos no Brasil uma tradição de pouca tolerância no espaço público, as diferenças continuam coibidas, vivemos numa das sociedades mais desproporcionais do mundo, pouco se enfatiza o fato de nosso país estar entre os cinco mais desiguais. Isso provoca uma tensão na sociedade muito grande. “

“...o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e a Secad (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade) têm uma pesquisa, que coincide com outra feita pela Fundação Perseu Abramo, afirmando o seguinte: a homofobia diminui pouco com a escolaridade. Os indivíduos mais escolarizados têm tendência a responder às perguntas sobre aceitação da diferença sexual de forma politicamente mais correta, e só.”

“A Parada (Gay) é um evento entre o festivo e a visibilidade a qualquer preço. Ela tem um retorno econômico muito grande, um efeito cultural, mas é um pouco fogo de artifício. Basta ver o que aconteceu no Rio. A Parada terminou, e uns jovens ficaram se beijando no Parque Garota de Ipanema, no Arpoador. Já eram 23h e a polícia foi lá e deu uns tiros. O que é mais ou menos o recado da sociedade: "Olha, gente, acabou a Parada. A hora de se beijar, de andar de biquíni era aquela, agora não dá mais. Voltou a vida como ela é. Aqui não pode". Depois da Parada, o mundo volta a ser como é todos os dias: homofóbico. “

“hoje em dia você não entra em uma escola pública aqui do Rio Grande do Sul sem que veja ao menos um menino mais afeminado ou uma menina com uma feminilidade diferente... acho que esse fenômeno é muito intenso numericamente. Existe uma faixa de adolescentes que se propõe a fazer algumas experimentações com a sexualidade, essa coisa que tem se chamado de "experiência queer". Mas nem sempre esses jovens têm estrutura para levar adiante a sua proposta.”

“vi dia desses um guri magrinho que nem um dedo mindinho, ao lado do namorado dele, idem magrinho, falando sobre como é a situação familiar. Supercombativo, disse ter comunicado a mãe e o pai que ia namorar em casa porque a irmã fazia o mesmo com o namorado. Aí a mãe reagiu: "Mas tu não vê que seu pai fica incomodado e vai embora?" E o guri: "Não interessa. O meu pai que se ajeite porque eu vou namorar na sala". A minha vontade de homem de 54 anos é dizer: "Filhinho, não dá para ir um pouco mais devagar? Nem conheço o teu pai, mas chego a ficar com pena dele". Será que tem que ser assim?”

Seria um pecado não transcrever, sob aspas, o discurso coerente e com o qual estou perfeitamente afinada. Concordo plenamente com todas as afirmações e impressões do cientista, e digo mais: "Chupa essa manga!"

Hasta la vista!

segunda-feira, novembro 15, 2010

"Once"



Ele, um barbado, ruivo e talentoso que canta na ruas de Dublin, acompanhado de seu violão desgastado, amealhando uns trocados. Auxilia seu pai numa biboca onde consertam aspiradores de pó e está separado da mulher infiel, inspiração de suas românticas composições.

Ela, uma jovem carismática, que ganha a vida vendendo flores e fazendo faxina. Tem uma filha pequena, vive com a mãe numa casa modesta, onde sala de estar, jantar e cozinha se confundem. Está separada do marido, que o filme dá pistas de ser insensível à mulher. Talentosa ao piano, ocasionalmente, toca num instrumento emprestado e também canta.

Ambos, pobres de marré, com seus figurinos simplórios, encontram-se nas ruas de Dublin, quando ela para, prestando atenção à interpretação emocionada dele, que sem platéia, desabrocha (no bom sentido) no sereno, ao cair da noite, dando voz às suas próprias composições.

É evidente a resistência dele em dá-la ouvidos, pois amarga a ausência de sua amada, por quem ainda suspira, porém, com o tempo, eles acabam estreitando laços, descobrindo afinidades, integrando-se um à vida do outro.

Ah tá, o desfecho dos fatos é previsível então, eles acabam “se pegando”, juntando os trapos e vivendo felizes para sempre. Errado!
A partir do encontro dessas duas pessoas cujas carências, talento e desencontros amorosos são comuns, você assiste uma frágil mulher extrair da lama um homem abatido e desacreditado.
Ela o estimula, toma as iniciativas que poderão projetá-lo além da sua vidinha sem perspectivas, assim como age aquele tipo de pessoa escasso, que generosamente, faz as vezes de escada para que outros atinjam algum tipo de evolução.

Ah, mas que brega! Isso é uma visão obsoleta e romântica demais, desprovida de senso prático, talvez um pouco humilhante, digna de um mártir, vamos deixar de dramas!
Será mesmo? Hoje, somos bombardeados por todos os lados com pressão por resultados rápidos e lucrativos.
Seja o melhor, o mais esperto, ganancioso, sagaz, sabido, letrado, viajado, endinheirado, frio, indiferente aos problemas alheios, enfim...
Será o capitalismo? Será Darwin e os tentáculos da sua Teoria da Evolução? Será a modernidade, ou talvez a introdução de um novo estilo de vida, de uma nova filosofia, o novo egocentrismo?!

Para onde olho vejo pessoas desesperadas correndo contra o tempo (que nunca lhes é suficiente), em busca de acumular toda a sorte de bens e resultados, sejam eles materiais ou abstratos, ao passo que adquirem, concomitantemente, mazelas do corpo e da “alma”.
Cada vez mais doenças físicas e psicológicas; os “mais fracos” sendo deixados pelo caminho em profusão, marginalizados, e um contingente vertiginoso de humanos prestes a se tornarem robôs, ávidos por recompensa, interesseiros, dispostos apenas àquilo que lhes proporcione algum beneficio, e que facilmente seja descartado quando não mais servir a seu propósito adequadamente.

Vejo tantas pessoas perdidas, vazias, ocas, mas com um sorriso na cara, fruto de prazeres efêmeros que não tardarão a deixar de surtir efeito.

Afinal, onde estão os verdadeiros valores que constroem um homem? Descapitalizados? Falidos?

Em “Once”, dirigido por John Carney, a mulher resgata o artista obscuro, sua auto-estima e seus sonhos, para em seguida, despretenciosamente, assistir ao seu vôo solitário, saudosa.

Eles tinham tudo para dar certo juntos, todos os ingredientes, mas, assim como na “vida real”, os humanos são complexos demais, tortuosos por natureza, desencontrados, e não raro, movidos por motivações arriscadas.

A música é linda, parte da trilha sonora, e ao que parece, eles se apresentaram com o mesmo figurino das gravações, embora, conforme comentários alheios, Letterman não tenha demonstrado sensibilidade para extrair dos atores sobre suas experiências em "Once" - procurei web afora detalhes sobre a entrevista, que desafortunadamente, parecem ser escassos. Uma pena...O filme é "despretensioso", mas superou minhas expectativas; confesso que fiquei emocionada - talvez por um "Q" de identificação com o desencontro dos protagonistas.
Anexado à minha lista de favoritos, sem mencionar a trilha sonora - capítulo à parte.

domingo, novembro 14, 2010

Ciao! (como diriam os italianos)
Bom, pra que me serve um feriadão se não ordeno meus mp3, termino de ler o livro empoeirado, trato um pouco da pele, vejo alguns filmes (e fico ligeiramente melancólica com eles), e entre outras coisas, claro, atualizo o espaço?
Pretendo ser concisa (Deus que me ajude nesta tarefa, pois adoro um floreio), e dividirei a postagem em tópicos:-

1) Denúncia : Minha mãe tem mania de engorda. Isso mesmo! Em tempos onde o povo se descabela às voltas com suas gordurinhas extras e num país campeão em consumo de toda a sorte de promessas de emagrecimento, minha mãe é do contra. Em suma, adora ir ao supermercado e me trazer de brinde itens como: lasanhas congeladas, salgadinhos Elma Chips (não sei como escreve e nem pretendo consultar), Miojo, biscoitos recheados, enfim...toda essa bagaceira que em dois tempos põe a perder toda uma semana de suor e ranger de dentes.

Dias atrás, ela me apareceu com uma lasanha da marca Seara; como eu estava semi-faminta (leia-se gulosa), botei pra rodar no microondas e fiquei à porta do eletrodoméstico, salivando por uma lasanha molenga, aguada, insossa, cujos 4 queijos prometidos na embalagem, não cheguei a sentir o gosto de nem 1. Pensei comigo: Se é para engordar com uma lasanha, que seja uma que preste. Dei uma garfada e deixei pra lá, ficou literalmente mofando dentro do forno, com destino ao lixo.
Adverti: Não traga nunca mais essa marca de lasanha, é horrível.

Para minha surpresa, dia 10 do corrente mês, a Seara era destaque no noticiário local : Funcionários da Seara passam mal e vão parar no hospital.

Explico: A sede da Seara localiza-se numa cidade aqui da região e terceiriza seu refeitório, que segundo os funcionários já era suspeito, havia sido denunciado à Vigilância Sanitária previamente, e parece ter vitimado dezenas (mais de 80) empregados de uma feita só.
Os operários começaram a passar mal aos bandos e foram internados, devido a um alimento oferecido (peixe) com “data retroativa” (foi o que ouvi alguns funcionários relataram à reportagem).
A Vigilância Sanitária ficou de apurar a intoxicação alimentar e a Seara persiste produzindo suas lasanhas de má qualidade.

Sinceramente, podem me processar (alguém vai ler isso?) e dar um off no meu blog, mas é bem contraditório uma empresa que vende alimentos ser tão descuidada com a nutrição de seus próprios colaboradores. Se eles querem reduzir os custos e não se importam em servir à sua mão de obra alimentos aprodecidos, imaginem o critério que tem com o produto que chega à mesa do consumidor...
PS: Não encontrei relatos desse ocorrido em pesquisa ao Google.

2) Indicação: Como eu já citei anteriormente, preço elevado ou marca renomada não determinam, necessariamente, a qualidade de um produto. Meu cabelo é o termômetro e não aceita qualquer coisa (seja cara ou barata). Li os comentários da Monica sobre uma compra de shampoo no Boticário, e relato que, no meu caso, não funcionam.
Vivo de aplicar máscaras semanais para evitar ressecamento e mau aspecto dos fios, de fazer testes e mais testes artesanais com produtos naturais ou afins (malditos abacate e azeite inúteis) ou industrializados e de preço nada simpático, e posso sugerir, sem receio, essa ótima máscara, cujo preço gira em torno de R$ 20,00 (ou menos) :


Gold Black, da Amend – deixa o cabelo macio, desembaraçado e tratado - uma beleza!


3) Veja um filme e se apaixone pelo protagonista: Até o presente instante, assisti, neste final de semana, “A origem”, um documentário sobre crianças com leucemia e “Les Chansons D'Amour”. Juro, chegaram a mim apenas uns burburinhos longinquos sobre “A origem”, mas a respeito dos demais filmes eu nada conhecia.
Chansons d´amour foi o 1º a que assisti, e permaneceu mexendo comigo mesmo após o transe, se é assim que posso rotular a sensação de ver “A origem”. Trata-se de um filme francês (gosto demais de música e filme francês, mas desgosto da Sra Sarkozi, uma vez que ela pretende cortar as asinhas de nós, baixadores de tudo).

Louis Garrel (guardem bem o nome) rouba a cena num filme musical onde interpreta e canta (muito bem). Ismael e sua namorada mantem um vínculo, pelo que entendi, um pouco desgastado para ela, que por sua vez, se relaciona com mais um parceiro, uma mulher. Eles ultrapassam as barreiras dos padrões, se apresentam como pessoas comuns, falíveis, com seus conflitos, e com toda a complexidade humana, que demonstra-se aparente e se impõe quando o homem cede, experimenta, desafia as amarras virtuais, porém muito concretas, e, fragilizado, torna-se um agente empírico.
Paris é o belo cenário (idealizo demais essa cidade, quiçá corresponda às minhas expectativas) projetado com frequencia, mas não gostei muito da trilha sonora; as músicas são interpretadas pelos próprios atores, mas ratifico que Garrel canta bem, é ultra mega power estiloso e lindo e me agradou muito em sua atuação. Ah, se meu dinheiro desse...mas já descobri que ele é nada menos que o homem da irmã de Carla Bruni (alguns bons anos mais velha que ele), e de quebra, é um dos atores mais badalados da nouvelle vague francesa, vem de uma família de atores e me cheira a homem muito interessante, fisica e intelectualmente, daqueles que dificilmente manteria qualquer relação com uma periguete juvenil, inexperiente, previsível, preenchida por tolas veleidades e vácuo. Só me resta suspirar...


Segue um trecho do filme onde é possível conferir Garrel cantando (é a voz mais grave), porém, quem se arriscar a conferir, considere como spoiller, pois revela o cume da pelicula. Confesso que resisti à idéia de publicar justamente esta cena, pois eu torci para que ela nunca se concretizasse, embora fosse iminente, por mais que eu relutasse em aceitar. É estranho experimentar essa visão, parece anti-natural, é desconfortável, anti-estético, mas ao mesmo tempo, no contexto do filme, não há como negar a sua delicadeza. Logo, vê-se, que embora eu me esforce para enxergar os ímpares através de lentes isonomicas e de aceitação, me encontro bastante presa às convenções.



4) Ouça uma música comercial (ah, os malditos rótulos, as perversas convenções) que não faz sucesso no Brasil, e cujo intérprete conquistou a minha simpatia pelo seu trabalho como músico. (não tem clipe, só a música) :-




5) Especialmente para a Monica: A minha sobrinha vai bem, obrigada! Falando num dialeto próprio, correndo e pulando, muito meiga, depois de demitir sumariamente o berço (aquele cercado onde a encarceravam cruelmente) e arrumar a trouxa para ir viver sozinha em Londres, como bem ilustra a imagem quase mediocre(minha câmera já foi boa) que segue. Ah! Repare bem no deltóide definido da bichinha - vai gostar de malhar, tá na cara, assim como a tia.


Hasta la vista!