domingo, janeiro 18, 2009

Caminho das Índias

Eu tinha tanta coisa em mente p/comentar hoje, desde uma curiosa notícia que li, sobre a venda no E-bay de um garrafa contendo o "ar respirado" pela Madonna - se não me engano, num show em Moscou - até o cessar-fogo entre Israel e Hamas que já foi rompido, horas depois de seu início.
Mas, alheia a todos esses fatos, sexta-feira, logo depois do último capítulo da saga de Flora, esperei o Globo Repórter que seria sobre a Índia.
Quem me conhece um pouco, sabe que tenho especial atração pelas culturas orientais, desde sempre, interessantíssimas, enfim...tudo o que se localize do outro lado do muro (no quintal do vizinho - nem tão avizinhado assim) me desperta curiosidade. Portanto, em razão de uma série de fatores, tais como a influência do Globo Repórter, o ínício da nova novela da Glória Peres (Caminho das Índias, se não me engano - o que em nada tem a ver com o título do meu post), e até mesmo, a minha própria curiosidade e desejo de conhecer um pouco mais da cultura indiana, optei por registrar o assunto de hoje.

Partindo do princípio, sempre tive muita curiosidade sobre o Rio Ganges e quando lia sobre ele, era muita citada a poluição de suas águas, e me intrigava o fato de mesmo assim, aquela multidão de pessoas ser atraida para os banhos coletivos, se não me engano, no mês de fevereiro. O que de tão especial havia naquelas águas?

Quando assisti a chamada do Globo Repórter sobre o tema do programa, empolguei-me, mas o sono começou a me vencer e acabei vendo o programa, mas à prestações; uma parte na sexta à noite, outra no sábado, pela Globo News e mais um pedaço no próprio site do programa.
Achei que falou-se muito superficialmente de tudo, apenas a ponta do iceberg, mal deu para sentir o gosto da Índia, pois muito mais ricos e detalhados foram os retalhos que acabei colhendo durante minhas pesquisas internet afora.

Empolguei-me, sai digerindo tudo o que via pela frente, e com sorte, encontrei uns blogs, espécie de diários sobre viagens feitas à Índia, nos quais detive-me por longos períodos, estou muito interessada, pois além da minha curiosidade natural por este lugar, quem sabe, futuramente, eu possa a vir visitá-lo, sendo assim, desde já, estou acumulando informações que poderão ser-me úteis.

Há muito o que se falar da vasta Índia, mas inicialmente, tratarei da cidade de Varanasi, uma das mais importantes, que foi visitada pelo repórter Francisco José, natural de Crato/CE - que há muito não via nas telas.
Foi em Varanasi também que o casal de irmãos, cuja viagem pela Ásia estou acompanhando via internet, visitou o Rio Ganges e relatou todas as impressões que por lá tiveram.
Estive também no blog de um repórter, cujo nome não recordo, que também citou este mesmo ponto, ou seja, a passagem do Ganges por Varanasi.
Bom, se eu continuar citando todas as minha fontes, a descrição vai acabar ficando confusa, então, vou fazer um resumo das informações mais importantes que recolhi, e sinceramente, depois de tudo, estou repensando meu desejo de visitar a Índia, pois não sei até onde terei estômago não só para as comidas, como para todo o resto.

Maior parte da população é de religião hindu e grande parte fala o inglês.
Depois de ler vários relatos, me veio à mente a lembrança de uma viagem que fiz a Juazeiro do Norte, no Ceará, à estátua do Padre Cícero. Quando acabamos de "aportar", um enxame de crianças nos abordou pedindo dinheiro, não nos davam sossego.

Na Índia, se pede a todo momento. Quando notam que você é turista (tarefa extremamente fácil), te cercam e tentam te explorar de todas as formas, mas em contra-partida, parecem ser um povo super simpático, quando não há relação de comércio em questão. Explico: os principais meios de transporte são os veículos motorizados, e outros, de tração humana. Segundo os relatos, os motoristas de tais veículos, se amontoam sobre os turistas, oferendo seus serviços e todos falando ao mesmo tempo e muitas vezes, aliás, na maioria das vezes, pedem um preço abusivo pelas "corridas".

O trânsito é caótico, e pelas vias circulam, além de carros, veículos de aluguel, bicicletas, pessoas e os animais, como elefantes, dromedários, vacas, enfim...um forfé completo.

Referindo-me novamente aos relatos que colhi, uma forma muito comum de seguir viagem é através dos tréns. Há vários tipos de acomodações, das mais simples às melhores. Os relatos que acompanhei eram de estudantes que procuravam manter o mínimo de conforto, tentando sempre evitar os vagões destinados às classes mais precárias. Segundo os mochileiros, os aposentos de dormir são minúsculos, beliches e treliches para todos os lados, baratas a perder de vista, indianos de todas as idades arrotando a todo momento, e muito cuidado com as bagagens, que ficavam o tempo inteiro amarradas ao pé da cama com corrente de bicicleta (hahahaha).
Achei interessante o relato da ída ao sanitário, tiraram até foto para ilustrar, pois o vaso não tinha fundo, os detritos vão ficando pelos trilhos mesmo.




Outro detalhe curioso é que os indianos não bebem encostando a boca nos utensílios, por acharem-lhes impuros. Os mochileiros faziam o mesmo, mas não pelos mesmos motivos, e sim por nojo, pois, estou certa de que higiene é artigo de luxo naquele país.
Nos restaurantes (não sei quanto aos mais suntuosos, mas quanto aos acessíveis), o garçon pega o alimento com as próprias mãos para servir no prato do comensal. E abro um parênteses aqui para frisar algo que me escandalizou :- na Índia, papel higiênico é outro artigo de luxo, eles fazem a "higiene" com a mão esquerda, e a direita usam exclusivamente para se alimentar (imagine quem trabalha com alimentos; é preciso usar as 2 mãos concomitantemente!).
A culinária indiana é afeita à pimenta, é pimenta demais em tudo (acho legal, porque adoro pimenta, mas imagino que eles a consumam em doses cavalares).

Nos hotéis onde os mochilheiros estiveram, mais baratas, muita falta de higiene, água fria nos chuveiros e pouco caso dos funcionários.

Nos mercados e nas ruas, disputa entre os comerciantes, o turista é literalmente pego no laço. Àqueles motoristas de veículos de aluguel, parece que é paga uma espécie de comissão para que indiquem certos destinos, portanto, se o turista bobear, acaba indo parar nas lojas, restaurantes ou hotéis mais caros, é preciso ficar atento o tempo inteiro.

Num dos restaurantes, notaram a presença de 2 menus, 1 em inglês (para os turistas) e outro em hindi (para os nativos), sendo que o cardápio para turistas sugeria o triplo do preço, o que gerou uma discussão dos mochileiros com o gerente do estabelecimento; não se deixaram passar por bobos e exigiram a restituição das rúpias pagas a mais.
Conclui que na Índia, em relação ao turista, o povo é bem malandro e isso me deixou muito receosa. Fiquei impressionada com outro caso: os mochileiros estavam observando uns macacos e um indiano velho se aproximou, ofereceu uns biscoitos para que os estrangeiros pudessem atrair para mais perto os bichos, e depois disso, estendeu a mão, pedindo dinheiro. Que povo mais pedinte e mais mercenário! Os mochileiros deram qualquer trocado e velho fez cara de quem não gostou.
Percebi também muita miséria em tudo, muito pouco asseio, uma coisa medonha de se ver (e olha que nem vi ainda).

Mas, como eu disse mais acima, o indiano é muito simpático. Não podem ver uma câmera de filmagem ou fotográfica que lá estão eles, querendo ser coadjuvantes. Num dos relatos, os nativos pediam para tirar fotos com os turistas e noutro caso, uma senhora puxou pela mão um dos mochileiros para apresentar-lhe toda a sua família. E nisso, eles não dão sossego, é indiano pedindo dinheiro e querendo sair nas fotos o tempo inteiro, me senti exausta apenas de ler os relatos.
Importante dizer que há guardas por todos os cantos e a produção de fotos e filmagens é restrita em certos pontos (próximo aos rituais de cremação, por exemplo). O pessoal da Rede Globo teve que formular N solicitações para um tudo, deu-me a impressão de uma burocracia sem fim, foi até citado que eles "adoram carimbos".

Bom, post extenso é coisa para poucos e ávidos por leitura, mas como não tenho pretensão de público, desejo apenas deixar aqui meus registros para minhas próprias consultas, continuo seguindo, mas já um pouco cansada, motivo pelo qual pretendo finalizar em breve este post - o que não implica que o assunto "Índia" esteja encerrado neste sítio.

Para fechar com chave dourada, o Ganga, ou Ganges, o extenso rio que nasce nas geleiras do Himalaia.
Consultei várias fontes e todas trazem um número divergente no que diz respeito à sua extensão, coisa entre seus 2.500 km.
Para os indianos, as poluídas águas do Ganges são sagradas, é preciso banhar-se nelas, para se ver purificado dos pecados.

Dias atrás, o "Lawrence Waba" (entre aspas, pois não tenho certeza da escrita correta), estava no Faustão, falando de uma viagem feita à Índia, na qual ele filmou um templo dedicado ao culto aos ratos. Uma coisa de embrulhar o mais robusto dos estômagos. Naquele templo, em particular, os ratos eram tidos como sagrados e fervilhavam por todos os cantos entre as pessoas. O Lawrence falava: "Dava para ver que eram ratos sujos, de rua.." Mas eles estavam ali, com os humanos, inclusive, o zelador do templo bebia água da mesma tigela que eles. Citei esse particular para reforçar ainda mais a má impressão que tenho dos indianos no quesito higiene, pois eles não se preocupam em nada com doenças que possam ser transmitidas através da falta desta que é tão apreciada em nosso mundo ocidental.
Voltando ao Rio Ganges, eu já sabia que a água era poluída, e que até cadáveres eram lavados ou atirados no rio, mas fiquei ainda mais chocada com alguns relatos que li de mochileiros. Pessoas e bichos se lavam na mesma água onde detritos industriais são despejados, cinzas e restos mortais são atirados, roupas são lavadas e até higiene bucal é feita, porque até os dentes eles escovam nas margens do rio.

Reparem na foto, o homem à direita com um escova de dentes e o sujeito à esquerda, todo ensaboado:- (Para melhor visualização, clicar na foto)



E aqui, abro mais um parênteses para fazer distinção entre os mortos que são lançados nas águas do Ganges. É comum ver os corpos sendo queimados, envoltos em panos cor de laranja. No fim, as cinzas são peneiradas, dali retiram as jóias que adornavam o morto, e o que resta pertence ao Ganges. Mas nem todos podem ser cremados. As crianças, mulheres grávidas, animais, pessoas sagradas ou aquelas picadas por cobras (também consideradas sagradas) devem ser amarrados a uma pedra pelos pés e assim, lançados na água; estão probidos de alimentar as fogueiras.
Interessante citar que: -
às vezes, os nós se desatam e os corpos acabam vindo à tona;
durante o ritual de cremação, apenas a permanência dos homens é permitida;
não há odor algum de corpo queimando, apenas cheiro de fumaça e lenha (pois a fogueira é acesa com um fogo sagrado, que evita o cheio de churrasco humano)
parece-me que essas pessoas que se banham nas imundas águas do Ganges não adoecem sequer de resfriado. Será o poder da fé deles???

Na foto seguinte, mulheres oferecendo velas acesas ao rio.




Quero terminar o post com essa pergunta no ar (Será o poder da fé deles???), mas não sem antes citar um fato engraçado, relativo à água do Ganges. Num dos relatos que li, os turistas pediram uma garrafa de água e o indiano que a vendeu fez questao de abrí-la. Insistiu mesmo! Foi quando perceberam que o fundo da garrafa estava amassado e que o lacre havia sido rompido, dai pensaram que se a garrafa já houvera sido aberta, seu conteúdo devia ser água da torneira, consequentemente, das enxurradas que lavam as ruas (imundas e repletas de bosta de vaca e de toda sorte de animais que convivem entre os humanos) e correm para o Ganges, e água do Ganges, jamais!! (me diverti sozinha lendo isso, pela malandragem do indiano querendo vender uma garrafa violada e pelo medo dos turistas da água poluída.

Bom, SENDO SÓ para o momento, despeço-me por aqui, deixando claro que continuo devorando informações sobre a Índia, assim como, mesmo um pouco amedrontada e acreditando ser um desafio para um ocidental visitar um país tão exótico, a chama da curiosidade continua me queimando.

(Aproveito a ocasião para convidar o Vi a embarcar comigo nesta aventura, num futuro não muito distante. Será que ele aceita?)

8 comentários:

Mônica disse...

Vendendo o ar de Madonna? Da próxima vez vão vender o peido dela! Afff...é muita falta do que fazer pro meu gosto.

Que beleza, hein, fia? Vai lá na Ìndia purificar sua alma nas águas do Rio Ganges. A alma pode até se purificar, mas qto ao seu corpitcho, tenho minhas dúvidas! hahahaha. Se eu já não tinha vontade nenhuma de conhecer Índia, agora muito pior!

E foi mal aí pela reclamação. Esqueci que vc é a única pessoa que trabalha nesse mundo! haha

Mônica disse...

Ah, Xingó fica aqui em Sergipe mesmo, há 3h e meia de Aracaju. É onde fica a Hidrelétrica.

Lou disse...

Jóia?
Está difícil esse chat, hein? A hora sempre está errada, nunca te vejo online, eita!
Veja bem: eu acho a cultura indiana muito interessante e tudo, mas, sinceramente, eu preciso do mínimo de limpeza na minha vida. Portanto, pelo que li do seu post, só me animo a ir pra Índia se for pra ficar num hotel cinco estrelas, hahaha!
Meus sonhos mais recentes dizem respeito ao Machu Pichu e a Portugal... Ai, ai.
Você gostou dos tênis no meu blog, também achei fofos. Pena que All Star machuca horrores o meu pé, pra usá-los preciso fazer mil curativos de múmia.
De que marca é o gloss que você comprou? Eu estava querendo um batom vermelho pra combinar com o meu cabelo novo, hehehe...
Boa semana procê, au revoir!

Mônica disse...

Quer que eu te dê o segredo da vida mansa? Termina sua faculdade, larga o emprego e vai advogar, depender de boa vontade de cliente e da celeridade da justiça pra receber dinheiro. Depois vc me conta a vida boa que isso é.

Se eu depender do Rio Ganges pra purificar minha alma, vou direto pro "inferno"...hahaha

Esse seu chat aí tá com nada, viu? Vc nunca tá em casa pra receber suas visitas! kkkkk

Lou disse...

Juntei o link que você me mandou, mais uns que eu tinha achado e voilà, consegui! Até que enfim!
Brigadu!
Bjim

Lou disse...

Sua mãe é sem noção que nem a minha, hahaha...
Bisous

Lou disse...

Oxalá dê tudo certo!
Pois é, tive que mudar o layout, adorei as bolinhas, hahaha...

Paiva e Keiko disse...

Olá! Boa noite....

Depois de ler todo o histórico de seus post´s eu posso dizer... adorei o jeito que voce escreve "conversando com as palavras". Volto outro dia com menos sono e o mesmo entusiasmo.

Sérgio Paiva